Press release | 8 de Novembro de 2018

As maiores traders de petróleo do mundo pagaram intermediários acusados no escândalo da Lava Jato, Global Witness revela

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As duas principais traders de commodities do mundo usaram intermediários famosos por seu papel no gigantesco escândalo de corrupção da Lava Jato, a Global Witness e a Public Eye, da Suíça, revelam. 

O relatório de hoje da Global Witness, “Amizades escusas”, revela que a Glencore e a Vitol pagaram milhões de dólares a intermediários que agora enfrentam acusações de corrupção separadamente. Em agosto deste ano, procuradores denunciaram alguns dos intermediários pelo pagamento de propina a altos funcionários da Petrobras, em contrados fechados pouco antes de trabalharem para a Glencore e a Vitol.

A Trafigura, terceira maior trader independente de petróleo do mundo, é alvo de uma investigação policial no Brasil, a Petrobras disse à Global Witness. Documentos judiciais, ainda não relatados, apresentam a Trafigura em negociações com outro intermediário envolvido na Lava Jato, Jorge Luz, agora tão notável que é conhecido como o “Decano das Propinas". Os documentos judiciais mostram Jorge Luz discutindo um contrato de petróleo entre a Petrobras e a Trafigura no valor de 2 bilhões de dólares.

Jorge Luz foi condenado a mais de 13 anos de prisão por corrupção em um caso separado, e os outros intermediários citados no relatório estão sendo investigados ou aguardando julgamento.

“Esta não é a primeira vez que descobrimos que as traders de commodities estão envolvidas com intermediários obscuros. Sendo grandes empresas das quais a maior parte do mundo nunca ouviu falar, elas operam longe do escrutínio público e usam empresas secretas para manter seu anonimato. Isso precisa mudar ”, disse Ed Davey, investigador da Global Witness. “A corrupção destruiu a confiança na democracia para muitos brasileiros e no resto do mundo. Se essas empresas desempenharam algum papel nisso, seus investidores, funcionários e as autoridades precisam saber.”

Glencore, Vitol e Trafigura têm uma receita combinada de mais de 500 bilhões de dólares, exercendo enorme poder sobre o comércio global de matérias-primas. No mês passado, foi revelado que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos intimou a Glencore devido a seus intermediários no Congo, na Nigéria e na Venezuela. Relatórios anteriores da Global Witness e da Public Eye expuseram os laços da Glencore e da Trafigura com facilitadores próximos aos governantes do Congo e de Angola.

“O Reino Unido, os EUA e a Suíça entram em cena neste escândalo como locais importantes para as empresas envolvidas e sede das contas bancárias dos intermediários”, disse Mariana Abreu, da Global Witness. "As autoridades desses países devem investigar para descobrir se as traders de commodities usaram propina para garantir contratos de petróleo no Brasil".

A evidência do alegado pagamento de propina pelos intermediários surgiu após suas negociações com as traders de commodities. Glencore e Vitol admitiram usar os facilitadores, mas dizem que as transações eram legítimas e que não sabiam de nenhuma atividade ilegal na época. A Trafigura admitiu ter proposto o contrato com a Petrobras, mas negou que tenha “contratado” o Decano. A Trafigura não disse se lhe prometeu uma comissão.

Todas as três empresas dizem ter uma forte política anticorrupção. Nem a polícia federal nem a Trafigura comentaram se a empresa estaria sob investigação.

/ ENDS

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Notes to editor:

Notas aos editores:

1.    Leia o relatório completo da Global Witness aqui: https://www.globalwitness.org/en-gb/campaigns/corruption-and-money-laundering/friends-low-places

2.    Relatório da Public Eye (em francês) aqui: www.publiceye.ch/fr/lavajato

3.    Global Witness é uma ONG internacional que trabalha para quebrar os vínculos entre corrupção, exploração de recursos naturais, conflito, pobreza e abusos de direitos humanos.