NB: Desde a publicação deste relatório, novas informações vieram à tona, o que significou que a morte de 6 agricultores indígenas no Peru em setembro de 2017 não atende mais aos nossos critérios de inclusão. Como tal, os números para 2017 foram revisados para 201 mortes em todo o mundo, com 40 ligadas ao agronegócio e 2 ocorrendo no Peru ao longo do ano.
O mundo está mais perigoso do que nunca para os defensores da terra e do meio ambiente, com o agronegócio sendo o setor mais ligado a assassinatos.
Nunca houve um período mais perigoso para defender a própria comunidade, modo de vida ou meio ambiente. Nossos últimos dados anuais sobre violência contra defensores da terra e do meio ambiente mostram um aumento para 207 no número de mulheres e homens mortos no ano passado - o total mais alto que já registramos. Além disso, nossa pesquisa destacou que o agronegócio, incluindo plantações de café, óleo de palma e banana, foi o setor mais associado a esses ataques.
Baixe o relatório na íntegra: A Que Preço? (PDF, 3MB)
Leia on-line: fotos e histórias de defensores de todo o mundo
Claro que minha vida está em risco, recebo ameaças de morte 24 horas por dia porque não vou calar a boca diante dessa atrocidade. - María do Socorro Costa da Silva
Hernán Bedoya, da Colômbia, foi baleado 14 vezes por um grupo paramilitar por protestar contra as plantações de óleo de palma e banana que estavam se expandindo sobre o território de sua comunidade e desmatando a floresta.
Nas Filipinas, depois de protestar contra a expansão de uma plantação de café, uma comunidade perto do Lago Sebu foi atacada por forças militares, que deixaram oito mortos, cinco feridos e forçaram 200 a fugir.
E no Brasil, agricultores agrediram a comunidade indígena Gamela depois que eles tentaram proteger suas terras do desmatamento, ferindo gravemente 22 pessoas, incluindo crianças.
Mas não são apenas os defensores desses países que estão sendo ameaçados, atacados ou mortos por lutarem para proteger suas terras e seu modo de vida. Inúmeras pessoas em todo o mundo estão sob ameaça por enfrentar o poder de grandes corporações, de grupos paramilitares e até mesmo de seus próprios governos.
Os dados que meticulosamente obtivemos e apresentamos neste relatório e os estudos de caso incluídos estão provavelmente bastante subestimados, devido à grande quantidade de desafios na identificação e na denúncia dos assassinatos. E mesmo assim, o relatório aponta que os riscos enfrentados diariamente pelos defensores continuam a crescer, e os governos e empresas têm questões sérias a responder.
O movimento global
Dos 207 defensores assassinados no ano passado, a grande maioria deles veio da América Latina, que continua sendo a região mais perigosa para os defensores, respondendo por 60% dos mortos em 2017. Apenas no Brasil foram 57 mortes - o pior ano registrado no mundo todo.
Mas nem uma única região passou incólume ao crescente número de ataques a seus defensores. 48 defensores foram mortos nas Filipinas, o maior número já documentado em um país asiático. E na África, 19 defensores foram reportados mortos, 12 dos quais na República Democrática do Congo.
Esses defensores são parte de um movimento global para proteger o planeta. Estão na linha de frente do combate às mudanças climáticas, da preservação dos ecossistemas e da proteção aos direitos humanos. Defendem causas que beneficiam a todos: sustentabilidade, biodiversidade e justiça.
Empresas irresponsáveis comandando ataques
A incapacidade de muitos governos e empresas de agir de forma responsável, ética e até mesmo dentro da lei foi uma importante força motriz por trás da sequência de crimes contra ativistas no ano passado.
As empresas têm uma responsabilidade perante seus clientes, que devem ter confiança de que os produtos que compram não estão alimentando abusos de direitos humanos, destruição cultural ou devastação ambiental. E nós, os consumidores, temos a responsabilidade de exigir que essas empresas cumpram sua parte.
Quando uma exuberante floresta tropical é desmatada para dar lugar a monoculturas, delicados ecossistemas capazes de capturar as emissões de carbono são perdidos para sempre. Quando áreas descampadas são entregues à mineração, o solo e a água potável são envenenados, colocando em risco a saúde e o futuro das comunidades próximas.
São empresas e investidores irresponsáveis – empenhados em satisfazer a demanda dos consumidores e em maximizar o lucro – que, juntamente com governos corruptos ou negligentes, tornam tudo isto possível.
Nosso apelo para você
Pedimos às instituições poderosas e às organizações que ameaçam os interesses dos defensores que usem seu poder para o bem. Os governos e as empresas têm a força financeira, legislativa e executiva – bem como o dever legal – para fazer uma grande diferença.
Leia nossas recomendações para governos e empresas
Descubra como você pode apoiar os defensores
Apesar das dificuldades que enfrenta, a comunidade global de defensores da terra e do meio ambiente não está desistindo – está ficando cada vez mais forte. Vamos fazer campanha com eles, levando essa luta aos corredores do poder e às diretorias das corporações. Vamos garantir que suas vozes sejam ouvidas. E estaremos alerta para ajudar a garantir que eles, sua terra e o meio ambiente de que todos nós dependemos sejam devidamente protegidos.
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Ben Leather
Campaigner, Land and Environmental Rights Defenders